Trump recorre da decisão do Maine que o deixa de fora das primárias republicanas

Trump poderá recorrer ainda à Suprema Corte para que haja uma decisão nacional
Shannon Stapleton/Reuters – 06.11.2023

O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump solicitou na terça-feira (2) a um tribunal que reverta a decisão do Maine de expulsá-lo das primárias do Partido Republicano naquele estado.

Trump também está se preparando para recorrer à Suprema Corte contra uma decisão semelhante da Justiça do estado do Colorado.

A secretária de estado do Maine, Shenna Bellows, do Partido Democrata, anunciou a desqualificação de Trump na última quinta-feira (28), argumentando que o ex-presidente é inelegível para concorrer ao cargo por ter participado de uma “insurreição” — em relação ao ataque ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021.

A apelação dos advogados de Trump, apresentada no Tribunal Superior de Kennebec, alega que Bellows “não tinha autoridade legal” para tirá-o das primárias e que ela mesma deveria ter se declarado impedida por ser “parcial”, já que é ligada ao mesmo partido do atual presidente, Joe Biden, que tentará a reeleição.

Em 19 de dezembro, em uma decisão sem precedentes na história dos EUA, a Suprema Corte do Colorado excluiu Trump das primárias do Partido Republicano daquele estado alegando que ele teve participação no ataque ao Capitólio.

O Partido Republicano do Colorado pediu à Suprema Corte dos EUA que revise a decisão, e espera-se que o próprio Trump faça o mesmo, de acordo com o jornal The Washington Post.

Posteriormente, em 28 de dezembro, o Maine tornou-se o segundo estado dos EUA a desqualificar Trump na disputa. Nesse caso, a decisão foi tomada por Bellows, a autoridade encarregada de organizar as eleições em nível local.

Em ambos os casos, as autoridades consideraram que Trump se envolveu em uma tentativa de “insurreição”, o que o desqualifica para ocupar cargos públicos, de acordo com sua interpretação da Seção Terceira da 14ª Emenda da Constituição.

Essa emenda foi aprovada em 1868, após a Guerra Civil, para impedir que os rebeldes confederados do sul, que haviam jurado a Constituição e depois a traíram, chegassem ao poder.

Essas decisões, por enquanto, afetam apenas o Colorado e o Maine porque, no sistema federal dos EUA, cada estado – e não a nação – é responsável pela organização das eleições.

No complexo sistema político e eleitoral dos EUA, em que os estados são responsáveis pela organização das eleições presidenciais, cada um tem suas próprias leis e regras, de modo que ações judiciais semelhantes podem ter resultados diferentes.

Devido a essas tensões entre diferentes estados, nos últimos dias tem crescido a pressão para que a Suprema Corte dos EUA tome uma posição e se posicione na esfera federal.

Acidente em aeroporto no Japão: avião de pequeno porte não tinha permissão para estar na pista

Airbus A350 foi completamente destruído pelo fogo
Kyodo via REUTERS/03.01.2024

O avião de pequeno porte da Guarda Costeira do Japão envolvido em um acidente no aeroporto internacional de Tóquio (Haneda), na terça-feira (2), não tinha permissão para estar na pista. Ele acabou atingido por um Airbus A350 que pousava naquele momento, e os dois pegaram fogo.

Dados das transcrições das conversas dos pilotos com a torre de controle revelaram que o Airbus, procedente de Sapporo, na ilha de Hokkaido, recebeu autorização para pousar. Já o turboélice da Guarda Costeira iria decolar, mas não havia sido liberado. 

As 379 pessoas a bordo do Airbus A350 da Japan Airlines conseguiram escapar depois que o avião pegou fogo.

No entanto, cinco dos seis oficiais da Guarda Costeira morreram. O comandante conseguiu escapar e ficou gravemente ferido. A aeronave, um De Havilland Dash-8, partiria para a costa oeste do país em uma missão envolvendo o terremoto que atingiu a região. 

As autoridades mal começaram suas investigações, e ainda há incerteza sobre as circunstâncias do incidente, incluindo como as duas aeronaves acabaram na mesma pista.

Mas transcrições de instruções de controle de tráfego divulgadas nesta quarta-feira (3) pelas autoridades parecem mostrar que o avião da JAL (Japan Airlines) recebeu permissão para pousar, enquanto a aeronave da Guarda Costeira foi instruída a taxiar para um ponto de espera próximo à pista.

Um oficial do departamento de aviação civil do Japão disse a repórteres que não havia indicação nessas transcrições de que a aeronave da Guarda Costeira havia recebido permissão para decolar.

O capitão da aeronave da Guarda Costeira disse que entrou na pista após receber permissão, afirmou um oficial da instituição, reconhecendo que não havia indicação nas transcrições de que ele havia recebido autorização para fazer isso.

“O Ministério dos Transportes está apresentando material objetivo e cooperará plenamente com a investigação para garantir que trabalhemos juntos para tomar todas as medidas de segurança possíveis para evitar uma recorrência”, disse o ministro dos Transportes, Tetsuo Saito.

Avião de pequeno porte da Guarda Costeira estaria em local não autorizado
Wikimedia Commons

A JTSB (Junta de Segurança de Transportes do Japão) está investigando o incidente, com a participação de agências na França, onde o avião Airbus foi construído, e no Reino Unido, onde seus dois motores Rolls-Royce foram fabricados, disseram pessoas familiarizadas com o assunto.

A JTSB recuperou o gravador de voz da aeronave da Guarda Costeira, informaram as autoridades.

Enquanto isso, a polícia de Tóquio está investigando se a possível negligência profissional levou a mortes e ferimentos, disseram vários meios de comunicação, incluindo a agência de notícias Kyodo e o jornal de negócios Nikkei.

“Há uma forte possibilidade de ter havido um erro humano”, disse o analista de aviação Hiroyuki Kobayashi, ex-piloto da JAL.

“Acidentes aéreos ocorrem muito raramente devido a um único problema, então acredito que desta vez houve dois ou três problemas que levaram ao acidente.”

Em um comunicado nesta quarta-feira, a Japan Airlines disse que a aeronave reconheceu e repetiu a permissão de pouso do controle de tráfego aéreo antes de se aproximar e tocar o solo.

Todos os passageiros e tripulantes foram evacuados dentro de 20 minutos do acidente, mas a aeronave, envolta em chamas, queimou por mais de seis horas, informou a companhia aérea.

A aeronave da Guarda Costeira, uma das seis baseadas no aeroporto, deveria entregar ajuda às regiões atingidas pelo terremoto de magnitude 7,6 da segunda-feira, que matou 64 pessoas, enquanto os sobreviventes enfrentam temperaturas congelantes e perspectivas de chuvas intensas.

O acidente forçou o cancelamento de 137 voos domésticos e quatro internacionais nesta quarta-feira, informou o governo.

Mas voos de emergência e serviços de trem de alta velocidade foram solicitados para aliviar o congestionamento, disse o ministro dos Transportes.

Vice-líder do Hamas eliminado no Líbano esperava ser morto: ‘Acho que vivi tempo demais’

Saleh al-Arouri (foto) vivia no Líbano
Amr Abdallah Dalsh/Reuters – 17.10.2017

O vice-líder da organização terrorista Hamas, Saleh al-Arouri, há muito tempo esperava o ataque de drone israelense que fontes de segurança afirmam tê-lo matado, no subúrbio de Beirute, no Líbano, na terça-feira (2), três meses após o ataque-surpresa de seu grupo realizou em Israel e deu início à guerra. 

“Estou aguardando o martírio e acho que vivi tempo demais”, disse ele em agosto, instando os palestinos na Cisjordânia ocupada por Israel a pegarem em armas em meio a um aumento da violência.

Sua morte ocorre em um momento crucial para a organização, enquanto Israel tenta erradicá-la em retaliação ao ataque de 7 de outubro, quando terroristas do Hamas atravessaram a fronteira, matando 1.200 pessoas e fazendo 240 reféns.

Israel o acusa de ataques letais contra seus cidadãos, mas um oficial do Hamas disse que ele também estava “no centro das negociações” sobre o desfecho da guerra em Gaza e a libertação de reféns conduzidas por Catar e Egito.

“Quem fez isso realizou um ataque cirúrgico contra a liderança do Hamas”, disse Mark Regev, assessor sênior do primeiro-ministro de Israel — o país geralmente não confirma nem nega a responsabilidade por tais ataques.

Embora menos influente que os líderes do Hamas em Gaza, Arouri era visto como um jogador-chave no movimento, planejando suas operações na Cisjordânia a partir do exílio na Síria, Turquia, Catar e, finalmente, no Líbano, após longos períodos em prisões israelenses.

Como principal oficial do grupo no Líbano, desempenhou um grande papel em solidificar as relações do Hamas com o grupo xiita libanês Hezbollah e, por meio dele, com o Irã, principal apoiador de ambos os grupos.

Prédio onde Arouri estava, no subúrbio de Beirute
Mohamed Azakir/Reuters – 03.01.2024

Arouri se encontrou várias vezes com o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, além de autoridades iranianas no Líbano. Fontes do Hamas afirmam que ele trabalhou com eles para coordenar posições sobre o conflito em Gaza.

O Hamas confirmou sua morte, mas não fez outros comentários. A Jihad Islâmica, um grupo aliado, jurou vingança por sua morte em um comunicado na terça-feira, dizendo que isso “não ficará impune”.

Dentro do Hamas, Arouri era descrito como um defensor proeminente da reconciliação entre facções palestinas rivais, mantendo uma boa relação com o Fatah, o partido do presidente palestino Mahmoud Abbas, que tem influência na Cisjordânia.

Hamas e Fatah estão em desacordo há anos, travando uma breve guerra civil em 2007 quando o Hamas assumiu o poder em Gaza, embora as organizações rivais tenham continuado a realizar negociações periódicas.

Mas quando se tratava do conflito com Israel, Arouri era considerado um linha-dura. Ele ajudou a fundar a ala militar do grupo terrorista, as Brigadas Izz el-Deen al-Qassam, e Israel o acusou de orquestrar ataques mortais ao longo dos anos.

Dizem que ele esteve por trás do sequestro e assassinato de três adolescentes israelenses na Cisjordânia em 2014, um ato que desencadeou um ataque israelense de sete semanas em Gaza que matou 2.100 palestinos.

Enquanto a ocupação israelense da Cisjordânia continuava, com assentamentos judaicos se expandindo e a criação de um estado palestino parecendo cada vez mais distante, Arouri afirmou que não havia “outra opção” além de se envolver no que chamou de resistência abrangente.

Ele foi um dos principais funcionários do Hamas por trás da expansão do grupo na Cisjordânia, onde seus combatentes realizaram uma série de ataques contra colonos israelenses nos últimos 18 meses.

Vários tiroteios no ano passado ocorreram logo após Arouri fazer ameaças televisionadas contra Israel.

Com os líderes do Hamas em Gaza, Yahya Sinwar, Mohammed Deif e Marwan Issa, escondidos, Arouri esteve envolvido nas negociações em torno da guerra, afirmando em dezembro que nenhum refém seria liberado até que houvesse um cessar-fogo total.

Como membro do bureau político do Hamas, sob a liderança geral de Ismail Haniya, baseado no Catar, Arouri estava acostumado ao diálogo, mesmo — indiretamente — com seus inimigos amargos, os israelenses.

Em 2011, logo após sua própria libertação da prisão, Arouri foi um dos negociadores do Hamas envolvidos em uma troca de prisioneiros com Israel que o grupo espera replicar após a guerra atual, usando reféns capturados em 7 de outubro.

Nascido perto de Ramallah, na Cisjordânia, em 1966, Arouri foi recrutado precocemente pelo Hamas, ingressando no movimento quando este foi formado em 1987, quando os palestinos iniciaram sua primeira Intifada contra a ocupação israelense.

Ele foi preso em 1992, um ano antes de a liderança do Fatah concordar com os Acordos de Oslo com Israel, aceitando sua existência e abandonando a luta armada em favor de negociar a criação de um estado palestino.

O Hamas rejeitou essa abordagem e, quando Arouri foi libertado em 2007, ele logo retornou à luta. Foi preso novamente até 2010, quando o tribunal superior israelense ordenou sua expulsão.

Ele passou três anos na Síria antes de se mudar para a Turquia até que Israel pressionou Ancara para fazê-lo sair em 2015. Desde então, ele residia no Catar e no Líbano, trabalhando no escritório do Hamas no distrito de Dahiyeh, em Beirute, uma fortaleza do Hezbollah, até o ataque súbito de terça-feira.

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Novo terremoto atinge a costa oeste do Japão nesta quarta-feira

Província de Ishikawa foi a mais afetada pelo terremoto
Kim Kyung-Hoon/Reuters – 03.01.2024

Um novo tremor de magnitude 5,5 na escala Richter atingiu o oeste do Japão nesta quarta-feira (3), dois dias depois que um forte terremoto de magnitude 7,6 causou mais de 60 mortes no país.

O novo abalo sísmico ocorreu às 10h54 (horário local; 22h54 de terça-feira em Brasília) a uma profundidade de 10 km, com epicentro na península de Noto, na província de Ishikawa, assim como o terremoto de segunda-feira, de acordo com a JMA (Agência Meteorológica do Japão), que não emitiu um alerta de tsunami.

O tremor foi sentido com força na cidade de Wajima, uma das mais atingidas pelo terremoto de dois dias atrás, assim como em Nanao, Nakanoto, Aanamizu e Noto, todas as quais já haviam registrado mortes na catástrofe ocorrida na segunda-feira.

A JMA considera que um terremoto de nível 5 torna difícil andar sem se segurar em algo estável.