Médico brasileiro comanda transplante inovador nos EUA

Um médico brasileiro participou do primeiro transplante de rim de porco para um paciente vivo. A cirurgia bem-sucedida, liderada pelo doutor Leonardo Riella, foi anunciada hoje (21), em Boston, nos Estados Unidos. O paciente é um homem de 62 anos com doença renal crônica terminal. Ele se recupera bem e pode ter alta em breve. O procedimento, realizado no último sábado (16) com um rim geneticamente modificado, é considerado um marco na medicina na busca por novas fontes de órgãos para transplantes.

Dezenas de refugiados são salvos após naufrágio na Indonésia

Dezenas de refugiados de Bangladesh foram resgatados após um barco naufragar, na Indonésia. Os sobreviventes afirmam que pelo menos cento e cinquenta pessoas estavam na embarcação que afundou. Os que sobreviveram foram salvos por pescadores, eles ficaram à deriva por mais de um dia no casco de uma embarcação. Autoridades afirmam que 69 pessoas foram levadas em segurança na operação de resgate.

As exportações da China só aumentam, e governantes ao redor do mundo tentam se proteger

As exportações das fábricas da China estão avançando mais depressa do que quase todos esperavam, colocando em risco postos de trabalho no mundo inteiro e provocando uma reação que está ganhando força.

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De aço e carros a equipamentos eletrônicos e painéis solares, as fábricas chinesas estão encontrando cada vez mais compradores para seus produtos no exterior. O apetite global por seus produtos é bem recebido pela China, que está enfrentando uma grave desaceleração no que foi o maior impulsionador do crescimento da economia: a construção e a preparação de apartamentos para moradia. Mas outros países estão cada vez mais preocupados com o fato de a ascensão da China estar se dando parcialmente à sua custa, e estão começando a tomar providências.

China fabrica um terço dos produtos manufaturados do mundo
Gilles Sabrie/The New York Times – 01.03.2023

A União Europeia anunciou na semana passada que está se preparando para taxar todos os carros elétricos importados da China. Afirmou ter encontrado “provas substanciais” de que as agências governamentais chinesas têm subsidiado ilegalmente essas exportações. A China nega.

O valor das tarifas não será definido até o próximo verão setentrional, mas haverá incidência sobre qualquer carro elétrico importado pelo bloco a partir do dia 7 de março.

Durante uma visita a Pequim em dezembro, líderes europeus alertaram que a China está compensando sua crise habitacional com a construção de muito mais fábricas do que o necessário.

Esta já fabrica um terço dos produtos manufaturados do mundo, mais do que os Estados Unidos, a Alemanha, o Japão e a Coreia do Sul juntos, de acordo com a Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial.

A União Europeia também está pensando em impor restrições à importação de turbinas eólicas e painéis solares da China. A Índia anunciou em setembro que imporia amplas tarifas sobre o aço chinês. A Turquia tem se queixado de que a China vem enviando exportações a torto e a direito, enquanto faz poucas importações.

O governo Biden, que manteve em vigor as tarifas do ex-presidente Donald Trump, já impôs uma longa lista de restrições às exportações americanas de alta tecnologia. “Eu me certifiquei de que as tecnologias americanas mais avançadas não possam ser utilizadas na China, não permitindo que sejam comercializadas lá”, declarou o presidente Joe Biden em seu discurso sobre o Estado da União na quinta-feira.

As exportações chinesas, calculadas em dólares, aumentaram sete por cento nos meses de janeiro e fevereiro em relação ao ano passado. No entanto, a queda dos preços de muitos produtos chineses – decorrente de um excesso de produção na China – significa que a quantidade física das exportações e sua participação no mercado global estão aumentando muito mais rapidamente do que isso.

A China encontrou maneiras de contornar algumas taxas. Quantidades cada vez maiores de componentes chineses são exportadas para países como o Vietnã, a Malásia e o México. Estes processam as mercadorias para que sejam consideradas como produtos próprios e não como fabricadas na China. Em seguida, enviam-nas para os Estados Unidos e a União Europeia, que cobram deles tarifas baixas, ou até mesmo oferecem isenções.

Os Estados Unidos e a União Europeia estão ficando preocupados. Katherine Tai, a Representante do Comércio dos EUA, alertou na semana passada, em comentários em um evento da Brookings Institution, que o Acordo EUA-México-Canadá, que substituiu o Nafta, deveria ser revisto no verão setentrional de 2026. Deu a entender que os EUA poderiam insistir em regras mais rígidas sobre a origem dos componentes, principalmente dos automóveis – posição também defendida no outono por Robert E. Lighthizer, que foi o representante de Comércio Exterior de Trump e agora é o principal consultor comercial da campanha eleitoral do ex-presidente. “A China já é um elemento realmente importante de tensão e preocupação nas relações comerciais da América do Norte”, ressaltou Tai.

Qilai Shen/The New York Times – 13.01.2023

Além da iminente taxação dos produtos de energia limpa importados, a Europa vai instaurar em breve um imposto sobre as importações provenientes do mundo inteiro, com base na quantidade de dióxido de carbono emitida durante sua fabricação.

O novo imposto é conhecido como mecanismo de ajuste de carbono da fronteira, ou CBAM (sigla em inglês). No entanto, foi apelidado de “bomba C” na Europa, porque incidirá pesadamente sobre as importações que vêm direta ou indiretamente da China. Dois terços da eletricidade consumida no país oriental são gerados pela queima de carvão altamente poluente, o que significa que muitas de suas exportações para a Europa poderão ser atingidas pelo novo imposto.

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A Europa e os Estados Unidos também enfrentam ameaças da China às suas relações econômicas de longa data com países em desenvolvimento, que cada vez mais optam por produtos chineses mais baratos. Em grande parte da América Latina e da África, os países agora compram mais da China do que das democracias industriais vizinhas, e os EUA e a Europa pouco podem fazer a respeito. “Não há regras para impedir que produtos subsidiados e artificialmente baratos prejudiquem suas exportações para o resto do mundo”, comentou Susan C. Schwab, que foi a representante de Comércio Exterior dos EUA no governo do presidente George W. Bush.

As autoridades chinesas, por sua vez, expressaram preocupação durante a sessão anual da legislatura do país, concluída na última segunda-feira, com o que consideram uma onda de protecionismo injusto. O ministro do Comércio, Wang Wentao, citou um estudo recente do Fundo Monetário Internacional que constatou que o número de restrições comerciais em todo o mundo quase triplicou nos últimos quatro anos, muitas delas direcionadas à China.

Autoridades de comércio exterior e economistas geralmente citam três aspectos da política industrial da China que impulsionam suas exportações. Os bancos estatais concedem empréstimos para fábricas a taxas de juros baixas, as cidades transferem terrenos públicos para a construção de fábricas a um custo reduzido ou gratuito, e a rede elétrica estatal mantém os custos baixos.

De acordo com o Banco Central da China, os novos empréstimos para o setor aumentaram de US$ 83 bilhões em 2019 para US$ 670 bilhões no ano passado. Em contrapartida, os empréstimos líquidos para o setor imobiliário encolheram de US$ 800 bilhões em 2019, para US$ 75 bilhões no ano passado.

Zheng Shanjie, principal planejador econômico da China, reafirmou a política industrial do país na semana passada, dizendo que “a terra e a energia serão canalizadas para bons projetos”.

A explosão das exportações da China fica evidente em seu superávit comercial de produtos manufaturados, o maior que o mundo já viu desde a Segunda Guerra Mundial. Entretanto, esses excedentes correspondem a déficits em outros países, o que pode ser um entrave ao seu crescimento.

O aumento do superávit não se deve apenas ao aumento das exportações. Nas últimas duas décadas, a China reduziu ou interrompeu a compra de muitos produtos manufaturados do Ocidente, como parte de uma série de medidas de segurança nacional e desenvolvimento econômico.

Os superávits da China referentes a produtos manufaturados são agora aproximadamente duas vezes maiores, em relação à economia global, do que os maiores excedentes alcançados pelo Japão durante a década de 1980, e pela Alemanha logo antes da crise financeira global, de acordo com os cálculos de Brad Setser e Michael Weilandt, economistas do Conselho de Relações Exteriores em Nova York.

Os déficits com o Japão e a Alemanha foram tolerados por muito tempo, uma vez que estes são aliados dos EUA. A China, porém, é um aliado cada vez mais próximo da Rússia, da Coreia do Norte e do Irã. O ministro das Relações Exteriores, Wang Yi, mencionou calorosamente os três países, especialmente a Rússia, em coletiva de imprensa na semana passada: “Manter e desenvolver as relações entre a China e a Rússia é uma escolha estratégica feita por ambos os lados com base nos interesses fundamentais dos dois povos.” A Rússia se tornou um portal crescente para as exportações da China, especialmente de veículos, já que os exportadores das democracias industriais deixaram de vender para a Rússia depois da invasão da Ucrânia.

Economistas ocidentais, e até mesmo alguns na China, têm pedido que o país se empenhe mais em ajudar os consumidores em vez de aumentar a produção das fábricas. O primeiro-ministro Li Qiang, a segunda maior autoridade da China depois de Xi Jinping, anunciou ao legislativo, em seu discurso anual na semana passada, que avançaria nessa direção, mas seus passos foram pequenos. Ele informou que a China aumentaria as pensões mínimas do governo para idosos, por exemplo, mas apenas em US$ 3 por mês. Isso custaria menos de um centésimo da produção econômica do país.

c. 2024 The New York Times Company

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‘Crime do século’: especialistas dizem que aviador famoso matou o próprio filho há quase 100 anos

Uma foto de Bruno Richard Hauptmann. A cadeira elétrica de madeira na qual ele encontrou a morte. Uma esponja como a que foi umedecida com água salgada e colocada em sua cabeça para conduzir os choques elétricos mortais.

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Esse conjunto sombrio de relíquias está guardado em um pequeno museu em Nova Jersey, a cerca de 32 quilômetros de distância do local onde o corpo em decomposição de Charles A. Lindbergh Jr. foi descoberto de bruços no chão. Hauptmann foi condenado por sequestrar e matar a criança.

Provas do caso são exibidas em um pequeno museu, em Nova Jersey
Caroline Gutman/The New York – 01.02.2024

Há quase cem anos, o caso Lindbergh ficou conhecido como o crime do século, em razão de seus detalhes cinematográficos e da importância dos pais do menino: Anne Morrow Lindbergh, filha de um diplomata, e Charles A. Lindbergh, aviador que alcançou a fama ao fazer o primeiro voo solo sem escalas da história, de Nova York a Paris.

Nas décadas seguintes, como atestam os guardiões dos arquivos do sequestro do bebê Lindbergh, o interesse do público pelo caso nunca diminuiu – nem o ceticismo quanto à culpa de Hauptmann. Mas uma nova teoria, bizarra e terrível, sobre o possível envolvimento de Lindbergh na morte do filho e uma renovada pressão jurídica para exigir o teste de DNA das provas contribuíram para trazer de volta à cena um dos mais misteriosos assassinatos já registrados no país.

Hauptmann, imigrante alemão que trabalhava como carpinteiro e morava no bairro do Bronx, em Nova York, foi executado pelo crime em abril de 1936. Sua sobrinha-neta, Cezanne Love, e a tia dela recentemente forneceram amostras de DNA, na esperança de que os tribunais de Nova Jersey abram caminho para que a ciência moderna explore dúvidas centenárias: será que um homem inocente foi condenado à morte? E, se não, ele agiu sozinho?

“Pessoalmente, não acho que ele tenha feito aquilo. Mas se as provas de fato o ligarem ao caso, que assim seja. Quero descobrir a verdade”, disse Love, observando que Hauptmann e sua viúva insistiram em sua inocência e mantiveram seu álibi até o fim.

Charles Lindbergh Jr. tinha um ano e oito meses quando desapareceu de seu quarto em East Amwell, Nova Jersey, no dia 1º de março de 1932. Uma escada de madeira, um cinzel e o primeiro de mais de uma dúzia de bilhetes de resgate foram encontrados na casa depois do sequestro. A família providenciou o pagamento de US$ 50 mil, mas a criança foi encontrada morta dez semanas depois.

A investigação, conduzida pela Polícia Estadual de Nova Jersey e estampada nas primeiras páginas no mundo inteiro, durou até setembro de 1934, quando um certificado de ouro proveniente do pagamento do resgate, no valor de US$ 10, foi usado para comprar gasolina em Nova York.

Os investigadores localizaram o carro no posto de gasolina de Hauptmann e, mais tarde, encontraram em sua garagem US$ 13.760 em notas usadas no pagamento do resgate. Ele alegou que um homem que morrera na Alemanha antes do julgamento lhe pedira que guardasse o dinheiro.

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Não foram encontradas impressões digitais e não houve confissão nem explicação de como um só criminoso poderia ter orquestrado o sequestro de uma criança de um quarto no segundo andar, em uma noite chuvosa de terça-feira, enquanto cinco adultos e um cachorro estavam na casa. Hauptmann foi declarado culpado depois de um julgamento de seis semanas em Flemington, Nova Jersey, e condenado à morte.

Na época do desaparecimento do menino, seu pai era um herói nacional.

Impressões digitais de Bruno Richard Hauptmann, condenado pelo crime
Caroline Gutman/The New York – 01.02.2024

Mas a história acabaria por ver o renomado piloto, morto há 50 anos, de forma muito mais crítica. Lindbergh era fascinado pelo estudo da eugenia e foi hostilizado pela mídia depois de aceitar uma medalha por suas contribuições à aviação de Hermann Goering em nome de Adolf Hitler em 1938 – atitude vista por muitos como um sinal de sua simpatia pelo regime nazista.

Lise Pearlman, juíza aposentada da Califórnia, agora especula que Lindbergh foi capaz de algo ainda mais sinistro: sacrificar o filho para experimentos científicos que o levaram à morte. “Aproveito a distância no tempo para tratar o pai do menino como um suspeito em potencial de seu sequestro e seu assassinato; como todos os outros da lista, um ser humano falível, não um semideus”, escreveu Pearlman em um livro de 2020, The Lindbergh Kidnapping Suspect No. 1: The Man Who Got Away (O suspeito nº1 do sequestro de Lindbergh: o homem que escapou, em tradução livre).

Essa é uma teoria que outros pesquisadores do caso Lindbergh veem com profundo ceticismo.

Um dos responsáveis pelos arquivos do museu, analisa as provas do caso
Caroline Gutman/The New York – 01.02.2024

Pearlman reconheceu que suas descobertas foram baseadas em provas circunstanciais, mas convincentes, sobre a cena do crime, na condição dos restos mortais do menino e na pesquisa que Lindbergh fazia na época ao lado do dr. Alexis Carrel, cirurgião ganhador do Prêmio Nobel e pioneiro em transplante de órgãos.

Em fevereiro passado, ela compartilhou sua teoria em uma conferência promovida pela Academia Americana de Ciências Forenses, ampliando o alcance de suas opiniões e estimulando um novo debate sobre os persistentes enigmas relacionados ao crime.

Escritores que pesquisaram o caso tão extensivamente quanto Pearlman disseram que seria impossível provar definitivamente uma teoria totalmente nova cem anos depois. Mas isso não impede que as pessoas tentem.

Lloyd C. Gardner, ex-professor da Universidade Rutgers, fundou um grupo social décadas atrás que se autodenominava Os Irregulares do Estado, em homenagem aos Irregulares de Baker Street, da série de livros de Sherlock Holmes, escritos por Conan Doyle. O grupo se reunia no bar de um restaurante em Lambertville, Nova Jersey, enquanto Gardner escrevia seu livro sobre o assunto, The Case That Never Dies (O caso que nunca morre, em tradução livre). “O que houve de fato nunca vai ser provado”, disse Gardner.

A pressão pelos testes de DNA

Barry Scheck, um dos fundadores do Innocence Project (Projeto Inocência), que já representou cerca de 200 clientes exonerados por provas de DNA, foi colega de Pearlman na faculdade e na escola de direito, e escreveu uma nota de apoio para seu livro. O Innocence Project não assumiu o caso, mas Scheck afirma ter prestado consultoria a Pearlman.

Especialistas apontam que caso deveria ser reaberto
Caroline Gutman/The New York – 01.02.2024

Em entrevista, Scheck afirmou que seu interesse no caso Lindbergh estava mais ligado à possibilidade de um homem inocente ter sido executado do que à identidade de um culpado: “Se houver um teste de DNA que possa ser feito para esclarecer a culpa ou a inocência de alguém, especialmente alguém que foi executado, acho que a família tem o direito de obter essa informação.” Seu sentimento coincide com o interesse duradouro de muitas pessoas no caso, e acompanha os esforços renovados para determinar a culpa ou a inocência de Hauptmann.

Lawrence S. Lustberg, proeminente advogado de defesa criminal em Nova Jersey, declarou na segunda-feira que havia se juntado ao esforço em nome dos “oponentes da condenação injusta”. E afirmou que está “considerando cuidadosamente quais mecanismos processuais podem estar disponíveis para corrigir o que parece ser uma terrível injustiça histórica”.

Em Nova Jersey, já existe uma contestação legal independente dessa, um pedido para testar a saliva nos selos encontrados nos envelopes do resgate, em busca de pistas. Os pesquisadores também argumentaram que tanto a escada quanto uma tábua de madeira encontradas no sótão de Hauptmann deveriam ser examinadas com métodos modernos para confirmar sua correspondência.

Um juiz da Suprema Corte decidiu no ano passado contra a liberação dos envelopes para testes de DNA, e espera-se que um tribunal de apelação marque uma data para ouvir os argumentos sobre o assunto nos próximos meses.

O gabinete do procurador-geral de Nova Jersey se opôs à solicitação, argumentando que a “integridade dos itens históricos supera qualquer interesse na efetuação de testes de DNA que alterarão permanentemente, e possivelmente danificarão, os itens”.

‘Homens complicados e imperfeitos’

Uma das teorias mais grotescas que surgiram desde a morte do menino é detalhada no livro escrito pela juíza aposentada da Califórnia.

Pearlman disse que considerou a aparente ausência de sangue no bosque onde o corpo foi encontrado como uma prova de que o menino morreu em outro lugar. Perguntas inexploradas sobre a condição do corpo e dos itens encontrados nas proximidades a levaram a especular que Lindbergh conspirou com Carrel, seu amigo que trabalhava no Instituto Rockefeller de Pesquisa Médica, na cidade de Nova York, para fazer experimentos em seu filho.

Condenado pelo crime foi morto em uma cadeira elétrica
Caroline Gutman/The New York – 01.02.2024

Ela escreveu que o menino, cuja cabeça era excepcionalmente grande e que tomava remédios associados ao raquitismo, teria sido visto como dispensável para os dois homens, que, como eugenistas, acreditavam na melhoria da qualidade genética da população. Ela concluiu que há uma “horrível probabilidade” de que os órgãos do menino tenham sido removidos, na esperança de obter um avanço médico que pudesse ajudar a cunhada de Lindbergh, que tinha uma válvula cardíaca defeituosa.

Para chegar a essa conclusão, Pearlman trabalhou com um patologista de Nova Jersey, o dr. Peter Speth, que avaliou os registros da cena do crime e da autópsia. De acordo com os documentos, todos os órgãos do menino, exceto o coração e o fígado, estavam faltando. Na época, os investigadores deduziram que animais carniceiros haviam mutilado o corpo durante o período em que permaneceu na mata.

Speth afirmou que a aparente ausência de insetos nos restos mortais da criança – e as pistas que sugerem que o rosto e um dos pés se deterioraram mais lentamente do que outras partes do corpo – indicam que o corpo foi jogado na mata bem depois do sequestro, e que provavelmente também foram usados produtos químicos geralmente encontrados em laboratórios. “Bruno não poderia ter concebido nem cometido tal ato”, garantiu Speth em entrevista, chamando a execução de Hauptmann de “um terrível erro judiciário”.

A Academia de Ciências Forenses rotineiramente inclui em seus materiais avisos de isenção de responsabilidade, observando que a pesquisa apresentada em suas conferências não é verificada, e as descobertas de Pearlman não foram submetidas à revisão sistemática por pares. No entanto, a participação de Pearlman na conferência obviamente foi aprovada por uma equipe de avaliação, e a academia publicou um resumo de suas descobertas, como é de praxe, informou Jeri Ropero-Miller, cientista e membro da organização.

Ainda assim, autores que também estudaram o crime e seus personagens extensivamente questionam o livro de Pearlman e suas conclusões extremas. David M. Friedman, que escreveu The Immortalists: Charles Lindbergh, Dr. Alexis Carrel and Their Daring Quest to Live Forever (Os imortalistas: Charles Lindbergh, o dr. Alexis Carrel e sua ousada busca de viver para sempre), disse que não leu o livro de Pearlman, mas achou absurda essa teoria sobre Lindbergh e Carrel. “Eram homens complicados e cheios de falhas, mas a ideia de que colaborariam em um ato de infanticídio me parece um lixo malicioso.”

c. 2024 The New York Times Company

Dois anos após invasão russa, ucranianos estão exaustos, mas nem pensam em se entregar

 

STJ determina que Robinho cumprirá pena por estupro coletivo no Brasil

O Superior Tribunal de Justiça determinou a prisão imediata do ex-jogador Robinho, que vai cumprir aqui no Brasil a pena imposta pela Justiça da Itália pelo crime de estupro coletivo. A maioria dos ministros decidiu que o ex-jogador deve começar a cumprir a pena em regime fechado. No entendimento do tribunal, não existe empecilho para a homologação da decisão da Justiça italiana. Robinho foi condenado a nove anos de prisão pelo estupro coletivo de uma mulher em uma boate em Milão em 2013. Quando o julgamento foi finalizado na Itália, o jogador já tinha voltado ao Brasil. A defesa de Robinho disse que vai recorrer da decisão e entrar com pedidos de habeas corpus.